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1932: A força de um ideal que permanece vivo


O Estado de São Paulo comemora festivamente, no próximo dia 09 de Julho, a sua Data Magna, instituída pelo governador Mario Covas por meio da Lei n.º 9497, de 05 de março de 1997.

Em 1930, Getúlio Vargas, derrotado na campanha eleitoral, lidera uma revolução e, pela força das armas, assume o governo provisório da República.

Frustrando, naquele momento, as esperanças de liberdade, democracia e progresso do povo brasileiro, Getúlio suspendeu a vigência da Constituição Federal e passou a governar autoritariamente por meio de decretos-leis.

São Paulo, em particular, passou a ser tratado como terra ocupada. O orgulhoso povo paulista foi submetido a humilhações e violências, criando um clima de resistência à ditadura.

No dia 23 de maio, uma grande manifestação popular terminou em tiroteio na praça de República. Quatro jovens foram mortos por partidário da ditadura: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo. No dia seguinte, lideranças paulistas decidiram organizar uma associação secretar, a que batizaram com a sigla dos jovens mortos. Nascia a MMDC, que preparou São Paulo para a guerra.

No dia 09 de Julho de 1932, São Paulo deu início ao maior movimento cívico-militar da história do Brasil, a Revolução Constitucionalista de 1932.

Forças da Polícia militar e do Exército ocuparam as divisas geográficas do estado e mais de 22.000 voluntários civis engrossaram as fileiras do Exército Constitucionalista. Mais de 50.000 voluntários, que não tinham armas para lutar, assumiram missões de policiamento das cidades, correio, transportes, logística, assistência médica e oficinas.

Mais de 100.000 mulheres paulistas, voluntariamente, passaram a trabalhar 16 horas por dia, costurando uniformes, fabricando armas e capacetes, produzindo alimentos e organizando, em cada cidade paulista perto da frente de batalha, uma “Casa do Soldado”, onde os combatentes que retornavam exaustos das trincheiras poderiam encontrar banho quente, sopa, pão e café, roupa e cama limpa 24 horas por dia.

As crianças atuaram como mensageiros, destacando-se o esforço dos escoteiros, um dos quais, Aldo Chiorato, aos nove anos de idade, foi morto quando levava correspondência, no bombardeio aéreo de Campinas, sendo o mais jovem mártir constitucionalista a tombar no cumprimento do dever.

A Associação Comercial coordenou a campanha do ”Ouro para o Bem de São Paulo”, com a qual contribuíram empresas, associações, clubes esportivos, a Igreja e as famílias. Quem não tinha ouro para ceder, doava suas alianças, trocando-as por simples anéis de ferro. Muitos casais, acabada a luta, orgulhosos de seus anéis, nunca mais os substituíram por alianças de ouro.

São Paulo produziu armas e munições, três blindados e capacetes, mas a superioridade material e de efetivos da ditadura determinou a vitória.Em 02 de outubro foi celebrado o armistício, a paz.

Mas Vargas evitou impor duras penas aos paulistas, exilando seus principais líderes em Portugal durante pouco mais de um ano.

Em 1934, São Paulo, derrotado pelas armas, assistiu à vitória de sua causa, com a edição de uma Constituição democrática. Até 1932, as mulheres não tinham direito ao voto. Em 1934, a doutora Carlota Pereira de Queiroz, médica paulista que coordenou a mobilização cívica feminina na Revolução, foi eleita a primeira deputada federal da história do Brasil.

Como fruto de Revolução Constitucionalista, tivemos a fundação da USP em 1934 e a adoção da bandeira paulista, que lembra a importância de São Paulo forte em um Brasil unido, quando observamos seu significado: dia e noite (listas brancas e negras) os paulistas defendem o Brasil (círculo branco em volta do mapa da Pátria) em todas as direções (quatro estrelas douradas, os pontos cardeais) , se preciso com o sacrifício da própria vida (retângulo vermelho).

Dos mais de 600 mortos que deram a vida por São Paulo e pelo Brasil, encontramos pessoas nascidas em São Paulo, mas também paulistas de adoção, migrantes e imigrantes.

Nunca vamos permitir que as futuras gerações se esqueçam desse momento glorioso do Estado de São Paulo, e das milhares de pessoas que lutaram para que o Brasil voltasse a viver em um regime democrático, sob o império a Lei.

Viva o 09 de Julho!


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